terça-feira, 8 de maio de 2012

Dos blogs

"Eu, Mulher, me Manifesto


Sim. Não usamos burka e podemos andar semi-nuas no meio da rua, que a lei não nos penaliza. Sim, na Constituição da República Portuguesa temos os mesmos direitos e oportunidades que os homens. Sim, temos a possibilidade de alcançar as metas que eles alcançam. Mas não nos esqueçamos, por favor, que a casa da partida é totalmente diferente. Nós não partimos com vantagem. Partimos com o preconceito, com os pressupostos, com as cicatrizes de tudo aquilo que foi enraizado no nosso adn durante séculos e isso é fodido. Demasiado fodido. Na maior parte das vezes, conseguimos a proeza de nos dividirmos, sem nunca deixarmos de ser inteiras. Dividimo-nos pelos filhos, pelo marido, pelo trabalho, pela casa, pelo stress. Dividimo-nos a cada instante e reestruturamo-nos no instante seguinte, porque é isso que é suposto. É assim que devemos ser e assim somos, sem perguntas, sem incómodos. E quando falhamos, sentimo-nos miseráveis, porque não é suposto falharmos. Nós temos que ser perfeitas. Se uma mãe é vista no supermercado, a enfiar frutas num saco, com um puto agarrado às canelas aos gritos, outro embandeirado em arco a fazer birra de sono, é uma mãe como outra qualquer. Já se é um gajo no supermercado, a passear-se entre as prateleiras da higiene pessoal, com os putos atrás, é um Deus. Uma ave rara, um pai exemplar. A eles basta-lhes fazerem umas macacadas com os putos, uns passeios e são tidos como os melhores pais do mundo. Uma mãe que faça tudo isso e mais tudo o resto que é suposto, é uma mãe banalíssima (sim, Melissa esta tem direitos de autor, mas é a mais pura das verdades). Uma mãe, nunca será uma mãe excepcional, pois ser mãe tem no seu cerne ser excepcional e, pelos vistos, ser pai não tem. Daí os elogios a um desempenho banal de um pai e a falta deles, quando uma mãe faz exactamente o mesmo. Mas nós, as mulheres, as mães, não somos obsessivamente exigentes. Não queremos glória a cada instante que passa, nem elogios por passar o dia a limpar ranho e a ouvir chorar (se bem que até merecíamos). Queremos apenas que, de vez em quando, nos reconheçam o valor, sem termos que arrancar o reconhecimento à dentada. Desejamos ser notadas pelas pequenas coisas que não deixam a casa cair no final do dia. Que mantêm as vidas de pé e a funcionar o ano inteiro. Queremos apenas sentir que nos apreciam e que nos enxergam, digamos aí uma vez por ano. Pode ser? "

Escrito pela Ana C.

Pode ser?

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